[MC] DANIEL SOLARO

Daniel nasceu em 1985, em Porto Alegre, RS, e desde pequeno era apaixonado por futebol. Viveu épocas difíceis, quando seu time (Internacional) vivia à sombra do Grêmio de Ronaldinho, viu o drama do rebaixamento de perto no campeonato brasileiro, acompanhou a perda de um breve herói, e sofreu como poucos. Sempre fascinado pelo mundo do futebol, e ao mesmo tempo enojado com a corrupção e outras males que assolavam o velho esporte bretão, ele sonhava entrar nesse mundo, fazer a diferença. Sabia que o sonho poderia se tornar pesadelo se os resultados não fossem os melhores, já esteve do outro lado. Sabia que o herói que um dia dormia amanhecia para ser o vilão no jogo seguinte. Foi tocando sua vida, mas, mesmo frente aos possíveis desafios que essa nova vida lhe traria, ele decidiu, em 2002, aos 17 anos, abandonar os estudos e partir para a vida nos gramados. Aos 18 fazia estágio no Internacional - RS, e aos 19 teve sua primeira chance, após a demissão de, claro, Celso Roth.

O início no Internacional não foi fácil. Eliminação precoce na estréia da Copa do Brasil, e um campeonato de altos e baixos culminaram num oitavo lugar do Brasileirão, enquanto a diretoria via a possibilidade de título com o grupo que possuía. 17 vitórias, 9 empates, 14 derrotas. 68 gols marcados e 66 sofridos: o retrato de um time que não poderia ir além da metade da tabela. Desconfianças se formaram em torno do nome do jovem treinador, que no entanto teve a oportunidade de seguir o trabalho. E com a nova temporada, novas incertezas. De um lado, o time se mostrou sólido na Copa do Brasil e terminou com o vice-campeonato. De outro, uma posição ainda pior no Brasileirão, com constantes visitas à zona do rebaixamento: 14º.

O fim do ano trouxe a necessidade de novos ares para o jovem técnico, que decidiu tentar a vida fora do país. Entre ofertas de pequenos clubes europeus, uma aposta trouxe esperança ao garoto de 20 anos: o Kopenhagen, da Dinamarca.

Assumir um time dinamarquês parecia um desafio e tanto para o brasileiro. Dificuldades com idioma, clima, entre outras coisas eram visíveis, ainda mais para quem nunca havia saído do país. Mas a chance de recomeçar o fez passar por cima de qualquer problema. Não digo que foi fácil, apenas que "se foi levando". Nos primeiros jogos, pouco habituado ao estilo de jogo do time, Daniel teve dificuldades, e viu alguns tropeços. A qualidade da equipe porém se sobressaía no campeonato local, o que foi suficiente para manter o time sempre por cima. Ao longo daquele primeiro ano o time foi assimilando uma nova postura do treinador, que trabalhava muito as jogadas pelo meio e os chutes de longa distancia, e terminou com o título da Superliga da Dinamarca e da copa nacional. O único porém da campanha foi a breve participação na UCL, competição em que o Kopenhagen foi eliminado ainda na fase de grupos, na última rodada, ao perder para o Chelsea no Stamford Bridge (4-2). Mesmo assim, a vitória sobre os ingleses na Dinamarca, por 3-1, ficaria marcada naquele ano. O time ainda teve como significativo dois tropeços frente ao Porto (2-2 e 0-2).

A segunda temporada viria a ser extremamente vitoriosa para o Kopenhagen. Com contratações de peso para o meio, o clube investiu tudo o que podia, e colheu os resultados ao final das principais competições. Na UCL, uma campanha histórica levou o clube ao topo pela primeira vez no continente. A classificação na fase de grupos foi suada, com o segundo lugar. Nas oitavas, porém, o time pegou a Juventus, e não teve trabalho para passar com duas vitórias. Nas quartas, o Zenit, e mais duas vitórias. Na semi o gigante Manchester United, e vitória suada de virada em Kopenhagen, por 3x2. Na volta o mundo se surpreendeu com a vitória segura por 3x0 dos dinamarqueses, em pleno Old Trafford, e a inédita classificação à final da UCL. E na final, bom.. na final o poderoso Barcelona. Com gols de Nordstrand e David Villa, o jogo terminou em 1x1, quando na prorrogação o artilheiro Doye marcou para os dinamarqueses e fez explodir a torcida azul e branca nas arquibancadas do Wembley Stadium. O clube ainda seria campeão da liga e copa nacionais, somando um incrível retrospecto de 40 vitórias, 7 empates e apenas 4 derrotas durante todo o ano. Destaque claro para o fato de ter vencido 7 em 7 partidas disputadas no mata-mata da UCL, uma vez que a Fifa considera a prorrogação como parte do resultado de jogo.

Os anos seguintes foram de sucesso para o clube. Embora, porém, nunca tenha conseguido alcançar o grande objetivo do técnico Daniel, que era levar o Kopenhagen à glória máxima, ou seja, conquistar os 4 títulos possívels em sequência (Superliga da Dinamarca, Copa da Dinamarca, Copa dos Campeões e Supercopa da UEFA). O Kopenhagem levou a Supercopa da UEFA de 2008 (Kopenhagen 2-0 Milan), juntamente da copa local e do campeonato nacional. Na UCL foi vice, quando apesar de uma bela campanha sofreu um duro revés na final, ao perder de 4x1 para o Manchester United. Em 2009-2010, novamente campeão da UCL, com a curiosidade de ter vencido o United três vezes durante a campanha (3-2 e 3-1 pela fase de grupos, e 2-1 na grande final). As taças nacionais permaneceram nas mãos do clube azul e branco, faltando apenas a Supercopa da UEFA, que não disputou. E em 2010-2011, mais uma vez o time ficou no quase. Campeão das competições da Dinamarca, campeão da Supercopa, e vice da UCL (dessa vez para o City, 1-2 de virada).

Logo no início da temporada 2011-2012, o técnico recebeu um convite inusitado: treinar o FC London. Um verdadeiro desafio, um clube recém criado, com jogadores desconhecidos (ex-detentos), sem qualquer prestígio local, com uma vaga arranjada na sorte para a quarta divisão inglesa. Bom, o convite foi aceito. Se dará certo? só o tempo dirá. E espero que dê.